quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

ALIMENTAÇÃO



Desde que descobri o câncer, choveram pessoas me enviando reportagens e dicas sobre a alimentação. Entendo perfeitamente que todas queriam me ajudar e estavam preocupadas comigo, mas é muito importante analisarmos direitinho as indicações antes de colocá-las em uso.

O câncer ainda é um grande desafio para ciência. Sabe-se que os alimentos têm grande influência no desenvolvimento de alguns tipos de câncer, mas ainda não se sabe dizer com segurança exatamente quais alimentos se aplicam a quais situações.

Além da alimentação, outros fatores também influenciam, como sedentarismo, tabagismo, estresse... O câncer é tão complexo que ainda é arriscado elaborar qualquer tese definitiva. Há, inclusive, teorias que atribuem o câncer a física quântica, aos sentimentos e a sensibilidade de espírito. Enfim, é muita informação pra nossa vã filosofia explicar!

Eu mesmo sempre tive uma alimentação legal. Quando criança, meus pais eram super cuidadosos. E quando adulta, também sempre me cuidei, principalmente, nos últimos anos, que fiquei mais ligada ao esporte.

Nos próximos posts, vou falar um pouquinho sobre isso, mas vou me ater a falar da dieta durante a quimioterapia e algumas dicas para minimizar os efeitos colaterais.

Por enquanto, quero indicar um livro, que segue imagem aqui... De todas as sugestões que recebi, esse foi o melhor! Tanto quanto à forma de explicar como quanto ao embasamento científico. Se você tem câncer, se você tem alguém na família que têm ou ainda se você quer tentar preveni-lo... Vale a pena ler!

Obrigada e até o próximo post!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O AMOR DE QUEM SE AMA




Um outro ponto muito forte deste tratamento, é o amor. Eu diria que é o mais poderoso e abençoado aliado.

Desde que recebi o diagnóstico, senti que as pessoas que amo, "adoeceram" comigo e também entraram nesta luta. Foi muito importante, pois foi como se formássemos um equipe pela vida.

Alê, foi infinitamente especial. E, acho que especialmente no câncer de mama, os companheiros tem um papel muito importante, pois além de nos dar muita força e apoio no dia a dia, conseguem fazer com que fiquemos pra cima, sentindo-se feminina e bonita.

Mamãe e papai são meu alicerce, meus amores e a quem devo tudo que sou e conquistei até aqui. Neste momento, não foi diferente! Papai arrancaria o tumor com as mãos ou lutaria com o mundo para que eu pudesse ter o melhor tratamento. Mamãe trocaria de lugar comigo sem pestanejar, até sua mama ela me ofereceu (pode? rs). Sem falar nas ligações e orações, que ela faz todos os dias, e olhem que mãe tem uma força danada... Eu se eu dizer um "ah!", acho que eles se  teletransportam de Ariranha pra Vitória!

Meus irmãos e cunhadas, também se envolveram totalmente. Até uma comitiva pra Vitória organizaram! E foi ótimo, um presente de aniversário lindo, que meu deu uma carga de energia positiva indescritível. Ah! E os sobrinhos?! Com sua inocência e simplicidade de crianças, encheram-me de carinho...

Sem falar na vovó, tias e tios, primos e primas, amigas próximas, sempre acompanhado tudinho. 

"Livia, e por que este post?" Primeiro, para agradecê-los, pois tem sido muito, muito especial. E, segundo, para conscientizar companheiros e familiares, fico muito triste quando vejo mulheres que não tem o apoio das pessoas amadas, pois esta força faz um beeeem danado... 

Ah! Mas para tudo fluir bem, como sempre, também há nossa parcela de nossa responsabilidade... Ao envolvê-las, precisamos aceitar realmente a participação destas pessoas queridas, afinal, tornamo-nos uma equipe!

Obrigada por lerem! Até logo!

MEDO, TRABALHO E RESIGNAÇÃO





Somos, culturalmente, acostumados a ver o câncer como uma "sentença de morte". E, de fato, esta é uma doença muito séria e que pode sim levar a morte. O bom é que, hoje, a ciência está cada vez mais avançada e as chances de cura tem aumentado muito. 

Embora, eu tenha uma aceitação muito grande pela morte - não pasmem, é real, nunca tive medo da morte, por uma questão de crenças e infinitiva fé nos encaminhamento divinos - o medo que senti foi de ir embora, deixando as pessoas que amo e os sonhos que ainda pretendo realizar.

Bom, foi aí que pensei... Se eu não tenho medo da morte, confio nos encaminhamentos divinos e ainda quero ficar "atormentando" meus entes queridos por mais um tempo, como devo agir? A resposta dada pela minha consciência foi: trabalhar e resignar.

Trabalhar no sentido de fazer minha parte, ou seja, entender todos os procedimentos médicos e procurar fazê-los certinho, por mais chatinhos que alguns sejam. Esta seria minha parcela, minha responsabilidade.

Então, deveria resignar. Ou seja, pensei... Se eu cumprir todas as minhas obrigações, o restante estará nas mãos de Deus, e assim não há nada a temer. Tenho uma fé enorme em tudo que Ele faz e sempre achei que nada acontece por acaso, tudo vem para uma lição. Assim, entendo que esta é hora de aprender, mesmo que a lição seja uma despedida.

E é assim que tenho caminhado... Se o medo bate, vou com medo mesmo, não adianta parar, minha parte precisa ser feita. E restante? Está, confiantemente, nas mãos de Deus.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A CAREQUINHA



Uma dos principais efeitos da quimioterapia é a queda dos cabelos, embora este não seja um efeito colateral de todos os tipos de quimioterapias. Mas por que isso acontece?

Ocorre porque a quimioterapia atua tanto nas células cancerígenas quanto nas saudáveis, e atinge principalmente as células que se multiplicam com mais rapidez, como os folículos pilosos, responsáveis pela produção dos cabelos. Além da perda dos cabelos, a quimioterapia também faz com que os pelos do corpo também caiam.

Quando recebemos o diagnóstico do câncer, este é uma das principais preocupações e receios, principalmente, para nós mulheres, que gostamos tanto dos nossos cabelos! Confesso, não foi fácil. Neste momento agradeço mamãe e Alê, pois foram especialmente lindos comigo, confortando e dando muito carinho.

Desde o primeiro momento, senti que seria um momento muito triste. Foi aí que comecei a tomar consciência de que, como era inevitável, eu tinha que aceitar, aprender a lidar com isso e, principalmente, saber que seria temporário.

Os cabelos não caem de imediato, no meu caso, começaram a cair 15 dias após a primeira quimioterapia. Como eram bem compridos (vejam fotos acima), eu cortei alguns dias antes da primeira quimioterapia. Quando começaram a cair mesmo, eu via cabelos em todos os lados... Na cama, na pia, no chuveiro, na escova... Aí veio a melhor decisão: raspar! Foi um alívio!

Vendo os cabelos caindo eu me sentia mal, pois não sabia como seria "ficar careca". Hoje, eu intitulei isso de TPC - tensão pré-careca! Sim, pois depois de raspar, percebi que isso não era "bicho de 7 cabeças", já que poderia valorizar meu rosto e também usar outras formas de ficar bonitinha.

Em posts futuros, pretendo passar algumas dicas, sobre maquiagem, uso de lenços e até de perucas! Eu sei o resultado foi aprender a ter estilo na marra... Valeu a pena!

Obrigada por lerem! Até logo!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

AMIGOS E INTERNET


Este é um post de metalinguagem, ou seja, estou usando o recurso (internet) para falar do próprio recurso (internet). Como, Livia? Peraí que explico.

Além de informações mais "técnicas" sobre o câncer, também pretendo fazer algumas postagens mais subjetivas, que não deixam de serem importantes. E esta é uma delas.

Quando descobri o câncer, passado o primeiro susto (que aliás, é enorme), perguntei-me se a notícia deveria ser divulgada. Lógico, o marido (que acompanhou tudo), a família, os amigos e os colegas de trabalho mais próximos já sabiam, mas e as demais pessoas?!

Em principio relutei e até pesquisei se isso ajudaria ou não. Vi então, que segundo estudos psicológicos, isso seria relativo, não interferiria diretamente no tratamento. Faz bem ficar resguardado, faz bem se abrir. Ou seja, vai muito de pessoa para pessoa, pois o importante é se sentir bem!

Bom, até que um dia, durante a fase dos exames, estava em centro de diagnóstico e vi que não havia nenhuma mulher nova, abaixo dos 50 anos. Aí me perguntei se eu era mesmo um caso raro, se as mulheres mais novas não estavam sendo orientadas ou se as duas coisas! E, novamente com minha "futucação", confirmei que são as duas coisas, pois realmente o câncer de mama é mais raro em mulheres mais novas, mas essas mulheres também não são orientadas como se deve.

Enfim, foi aí que resolvi divulgar minha doença, para alertar outras mulheres. E a resposta foi tãaaaao positiva, recebi apoio e palavras de carinho de taaaaanta gente, que percebi que isso me ajudaria também! Senti ainda mais força e garra para tocar este desafio.

Resumo da ópera: na minha opinião, a rede social me permitiu ajudar e ser ajudada! Aproveito aqui para agradecer tanto carinho e mensagens que tenho recebido... E faço isso com uma foto toda carinhosa, de amigos queridos e familiares que me fizeram uma homenagem muito fofa. 

Obrigada por tudo, são todos muito especiais!

AS QUIMIOTERAPIAS


Para mim, esta é a parte mais chata do tratamento, e também a mais importante. Após definir a estratégia do tratamento, o mastologista me encaminhou para uma oncologista, e então, foi ela que passou a acompanhar meu tratamento, até o final das quimioterapias.

Quimioterapias são a administração de substâncias químicas no organismo do paciente para controlar e reduzir o desenvolvimento do tumor. Elas podem ser administradas oralmente ou por vias intravenosas. No meu caso, são aplicadas nas veias mesmo - já tomei tantas agulhadas que perdi as contas!

Em meu tratamento, foram previstas oito sessões, uma a cada 21 dias, sendo quatro sessões de adriamicina + ciclofosfamida e quatro sessões de docetaxel - estes são medicamentos específicos, indicados para meu tipo de câncer. No total, serão aproximadamente cinco meses de tratamento quimioterápico.

Como funciona? Na véspera do dia da quimioterapia, temos que fazer um hemograma, para avaliar a imunidade e qualidade do sangue. Isso porquê, conforme mencionei no post anterior, a quimioterapia destrói as células cancerígenas, mas também afeta células "boas" do organismo - por isso, cabelos caem, unhas ficam fracas e imunidade fica baixa.

Com o hemograma em mãos, a oncologista avalia se podemos tomar a quimioterapia, ou seja, se não será arriscado demais. Vejam, não tem jeito, a imunidade fica mais baixa que uma pessoa sadia, mas há um limite que permite administrar mais uma dose de quimioterápicos. Ah! Nesta fase do tratamento, todo cuidado é pouco, pois uma infecçãozinha simples pode dar uma complicação danada.

No dia da quimioterapia, é tranquilo, pelo menos, para mim tem sido. Ficamos lá tomando a medicação por duas a quatro horas, dependendo do medicamento. Além do quimioterápico principal, também tomamos anti-hermético, soro, etc. As enfermeiras acompanham temperatura, pressão e batimento cardíaco, para verificar se não haverá nenhuma reação alérgica. Ah! Adoro as enfermeiras, são super alto astral e nos tratam super bem.

Agora a parte chata... Chato mesmo são os dias seguintes. Os efeitos colaterais vêm pesados, porque o medicamento está ali, fortão, circulando pelo corpo. Existem algumas dicas para minimizar estes efeitos, que pretendo apresentar em posts futuros. São três a cinco dias bem difíceis, mas temos que encarar, sabendo que vão passar... Como disse Chico Xavier, "isso também passa".

Obrigada por lerem! Até logo!

A FERTILIDADE - Congelamento de Embriões


Quando descobrimos o câncer, uma das primeiras perguntas que o médico nos fez foi se pretendíamos ter filhos... E a resposta foi: sim!!! Hoje, temos nossos seis filhos caninos, mais ainda queremos ter nossos filhos. 

Então, o médico orientou que seria muito importante fazer o congelamento de óvulos ou de embriões. Mas o que isso tem a ver com o câncer de mama? 

Na verdade, não tem a ver com o câncer de mama, principalmente, porque meu tumor não é hormonal. A relação é com a quimioterapia... A quimioterapia tem como objetivo destruir as células que se reproduzem rapidamente no corpo, que é o caso das células cancerígenas. Acontece que ela é tão agressiva que pode também destruir outras células, como por exemplo, os óvulos. 

Isso não é definitivo, ou seja, não é porque estou fazendo quimioterapia que ficarei infértil, mas este é um risco real. Assim, como queremos ter nossos filhos e como "seguro morreu de velho", fizemos o procedimento. 

Tínhamos duas opções: congelar óvulos ou congelar embriões. Congelar óvulos seria apenas extrair e congelar os meus óvulos, e congelar os embriões seria fecundá-los com os espermatozoides e congelar os embriões prontinhos. 

Optamos por congelar os embriões e assim fizemos. O processo todo durou cerca de um mês - por isso, tive um mês de tempo entre o diagnóstico do câncer e o início da quimioterapia.

Sobre o procedimento... Tomei injeções diárias para estimular uma super ovulação - detalhe: era o Alê que as aplicava em mim. Então, no dia certo, os óvulos foram coletados e fecundados com os espermatozoides do Alê, gerando os embriões. Foram congelados oito embriões, para os quais dedico minhas orações sempre - aguardem aí, papai e mamãe logo vão buscar vocês!

O chato é que este procedimento não é acessível a todos, porque é caro, bem caro, e não é previsto na saúde pública e nem coberto pelos planos de saúde. Mas, foi muito importante, pois nos deu a tranquilidade de podermos ser papais, aliás, agora podemos formar uma família beeem grande... 

Ah! Outra coisa que fizemos, que é um procedimento super novo e o médico só disponibilizou porque eu havia pesquisado a respeito, foi tomar injeção de proteção dos ovários durante a quimioterapia. E isso reduz ainda mais as chances de infertilidade. 

Obrigada por lerem! E até logo!